Nutritionist the
role of encouraging the breastfeeding as a means of prevention of cases of
obesity
Palavras -Chave: aleitamento materno, saúde da criança, nutrição na infância
Keywords: breast feeding, child health,
child nutrition
Resumo
O aleitamento
materno deve ser priorizado nos 6 primeiros meses de vida como prevenção de
casos de obesidade futura. Devido a sua composição ser adequada para o
metabolismo do infante e fornecer enzimas importantes na regulação da
saciedade da criança. O nutricionista profissional responsável pela nutrição
e bem estar da população deve atuar através de orientações sobre a
importância da amamentação encorajando as mães a amamentar as crianças. Desta
forma prevenindo casos de obesidade e outras doenças como também reduzindo
gastos públicos futuros.
Abstract
Breastfeeding should be prioritized in the first
6 months of life as prevention of future obesity cases. Due to its
composition is appropriate for the infant's metabolism and provide important
enzymes in the regulation of satiety child. The professional nutritionist
responsible for nutrition and well being of the population must act through
guidance about the importance of breastfeeding encouraging mothers to
breastfeed the children. In this way preventing cases of obesity and other
diseases as well as reducing future public expenditure.
Introdução
A composição do
leite materno é essencial para o desenvolvimento da criança como também, na
redução de infecções. Estudos atuais tem demonstrado que previne obesidade na
infância e na vida adulta através de sua composição, pois atua
regulando o metabolismo do infante (ALBERNAZ; VICTORA, 2003; BATTOCHIO;
SANTOS; COELHO, 2003)
Porém existe uma
preocupação de que o desejo de amamentar tenha se desgastado, e para
contornar essa situação é necessário orientar as vantagens da amamentação na
sociedade como escolas, posto de saúde e nas comunidades (VITOLO, 2008).
Cabe ao
profissional de nutrição fazer um acompanhamento com a gestante explicando os
benefícios do leite materno para a criança. Promovendo assim uma vida
mais saudável e com menos casos de obesidade (DAL BOSCO; CONDE, 2013;
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Este artigo tem
como objetivo expor as consequências do desmame precoce e sua relação com a
obesidade. Demonstrando os benefícios da amamentação com ênfase no papel da
nutrição como estimuladora deste hábito.
Metodologia
Foi realizado um
levantamento de artigos e de livros publicados a partir de 1998 com as
palavras chaves: Aleitamento materno, nutrição do lactente, amamentação,
obesidade, alimentação complementar do lactente, desmame precoce. Foram
utilizados os sites de pesquisa BVS, SCIELO, além de sites oficiais e
manuais.
Resultados
No primeiro ano
de vida da criança, o crescimento e o desenvolvimento são muito rápidos, até
completar dois anos o estado nutricional da criança é reflexo da vida uterina
e fatores ambientais. E justamente nesta fase é importante tomar muito
cuidado com a alimentação, pois ela reflete por toda a vida da mesma
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2006; BALABAN et al., 2004; CORDEIRO et
al., 2013).
O aleitamento
materno exclusivo até 6 meses de idade, e continuar amamentando até os dois
anos de idade juntamente com alimentação complementar, é fator
importantíssimo para impedir doenças futuras. O leite materno além de ter
menor índice de energia, tem menor quantidade de proteína, além de possuir
alto nível de gordura que é muito importante para que o ganho de peso ocorra
de maneira mais lenta (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2006).
A ingestão de
gordura em quantidades adequadas é necessário para prevenir sobrepeso, pois
estudos revelam que crianças que já foram desnutridas possuem deficiência na
oxidação de gordura (lipólise), resultando assim no seu acúmulo, promovendo a
obesidade (ARAUJO; BESERRA; CHAVES, 2006).
A amamentação
envolve fatores fisiológicos, ambientais e emocionais, sendo que a produção
de leite ocorre através da ação hormonal durante a gestação e é aumentada
quando a amamentação é feita de forma correta. Esse período é cheio de
informações para a mãe com crendices populares, que acabam influenciando de tal
forma, que as orientações dos profissionais de saúde são deixadas de lado. O
desmame precoce tem sido motivo de preocupação para os profissionais da área,
em que apenas 6% das crianças brasileiras recebem leite materno exclusivo
somente até 2 meses de vida (ICHISATO; SHIMO, 2001; VITOLO, 2008).
Estudos revelam
que quando perguntam para as mães sobre o desmame precoce, elas alegam ter
pouco leite’’, leite fraco’’ ou que o leite secou’’. Outros estudos mostram
reclamações de fissuras no peito e rachaduras. Acredita-se que as
mulheres amamentam mais por tradição do que pelo conhecimento das
vantagens que o leite materno oferece (VITOLO, 2008).
Tem como
vantagens diminuição de diarréia, otite média, infecção urinária, leucemia,
obesidade, infecções respiratórias, diabetes insulinodependente e
não-insulinodependente, hipercolesterolomia, doença de Hodgkin, asma,
enterocolite necrosante. Crianças que são amamentadas tem melhor desempenho
intelectual (VITOLO, 2008).
Segundo Susin et
al.(1998), fizeram um estudo com 405 mães, no Hospital das Clínicas de Porto
Alegre e confirmaram que orientações dadas após o parto sobre a importância
da amamentação, utilizando vídeos e folhetos enriqueceram o conhecimento das
mães, e assim convencendo-as de amamentar, e confirmaram isso através de um
questionário aplicado alguns meses após o parto em seus lares.
Outros estudos
revelam que o ato de amamentar exclusivamente no peito durante os 6 primeiros
meses é algo muito raro, tendo uma duração de 1,8 mês. E para completar é ofertado
para a criança alimentos inadequados precocemente como leite de vaca, e sem
contar a introdução de carboidratos simples no preparo da mamadeira, afetando
assim a adiposidade do lactente gerando a obesidade (CORDEIRO et al., 2013).
O leite de vaca
além de possuir excesso de macronutrientes, possui altas concentrações
de proteínas, que leva ao aumento dos níveis de IgF-1, resultando em um
aumento rápido de peso na criança, já que esse hormônio desempenha papel
semelhante à insulina, ocorrendo uma resistência periférica à insulina
o qual é adipogênica. Além de sobrecarregar os rins que ainda estão imaturos
(CORDEIRO et al., 2013).
Já as fórmulas
lácteas são hipercalóricas, elevando entre 15 a 20% do consumo energético da
criança, mesmo em menor quantidade superando o leite materno nas calorias
fornecidas. Possui 1,6 a 1,8 vezes mais proteína por quilo de peso,
quantidade excessiva, podendo aumentar a secreção de insulina, estimulando
maior captação da mesma pela célula e inibindo a lipólise, trazendo assim
como consequência aumento do tecido adiposo e desencadeando obesidade (NOVAES
et al., 2007; ARAUJO; BESERRA; CHAVES, 2006).
Os alimentos
pré-lácteos, comumente oferecidos aos bebês antes da amamentação, podem
ocasionar lesões no intestino imaturo; o colostro acelera a maturação do
epitélio intestinal e protege contra agentes patógenos[...]. (TOMA; REA,
2008).
Tabela 1. Conteúdo de nutriente do leite
humano, das fórmulas lácteas e do leite de vaca por litro (MANN; TRUSWELL,
2009).
Fórmula
|
Nutriente
|
Leite humano maduro
|
A base de leite de vaca
|
A base de soja
|
Leite de transiçao
|
Leite de vaca com 3,3% de gordura
|
Energia Kcal
|
680
|
670
|
670
|
670
|
640
|
Proteína
|
10
|
15
|
19
|
17
|
32
|
Gordura(g)
|
39
|
36
|
37
|
33
|
36
|
Carboidrato(g)
|
72
|
72
|
69
|
79
|
48
|
Fonte: Nutrição Humana 2009
Segundo
Araujo, Beserra e Chaves (2006) calcularam que 80% de crianças obesas serão
adultos obesos. No decorrer da vida desencadearão transtornos metabólicos que
resultarão no futuro em problemas metabólicos como: diabetes, hipertensão
arterial, dislipidemias e doenças cardiovasculares (infarto, embolia,
aterosclerose, etc.). Também podem ocasionar como efeito colateral a apnéia
do sono, problemas ortopédicos, distúrbios psicológicos e alguns tipos de
cânceres, trazendo má qualidade de vida, gastos para os cofres públicos
através de tratamento e internações.
Assim, nomearam
esse transtorno metabólico de “imprinting metabólico” e ocorre quando é
introduzido alimentos precocemente em uma fase de desenvolvimento humano,
produzindo efeito por toda vida, tornando o indivíduo mais predisposto à
essas doenças (ALBERNAZ; VICTORA, 2003).
Fatores bioativos
estão envolvidos no leite materno como os hormônios insulina, T3 e T4, e
leptina, que agem no hipotálamo proporcionando saciedade e regulando o
balanço energético do metabolismo. Entre estes fatores, destaca-se
principalmente a leptina, que é responsável pela regulação e homeostase
energética. A leptina atua no hipotálamo diminuindo o apetite e as vias
anabólicas e estimula as catabólicas. Logo após sinaliza para o cérebro que a
quantidade ingerida de alimentos já é o suficiente, reduzindo assim a fome
(BALABAN; SILVA, 2004).
O consumo
excessivo de carboidrato e proteína podem não ser totalmente
metabolizados acumulando em forma de gordura no tecido subcutâneo, produzindo
células adiposas constituindo assim o tecido adiposo. A adipogênese tem seu
início na fase intra- uterina e termina aos 7 anos. Depois desse período
ocorre somente diminuição ou aumento dessas células, ou seja, ganha ou perde
peso (BALABAN; SILVA, 2004).
Acredita-se que o
indivíduo obeso, com um tecido adiposo excessivo, possua um ponto de ajuste
mais elevado para o armazenamento de nutrientes e alcance da saciedade
alimentar do que indivíduos com peso normal, promovendo assim um risco maior
para uma hiperfagia e ganho de peso [...]. (ARAUJO; BESERRA; CHAVES, 2006).
Foi realizado no
Centro Educacional Católico de Brasília (CECB) um estudo com 134 pré
-escolares entre três e cinco anos de idade, que fazem parte da classe
média e alta. Foi encontrado sobrepeso e obesidade em 23,8% (n=32) . As
crianças que amamentaram exclusivamente até o sexto mês apresentaram um
total de 21,2% de casos de excesso de peso. Já as que amamentaram
exclusivamente até o segundo mês apresentaram uma porcentagem
maior de excesso de peso 26,7%. Observou-se também que quanto maior
tempo de amamentação menor perímetro de cintura a criança apresentava. Com
isso menor relação cintura/quadril reduzindo em 15% o risco de desenvolver
obesidade. Isso demonstra que o aleitamento materno pode ser responsável pela
distribuição de gordura corporal do infante (BALABAN et al., 2004).
Outro estudo
realizado em creches da prefeitura na cidade de Recife, com 409 crianças,
apresentou que as crianças que amamentaram exclusivamente no peito 4 meses ou
mais, tiveram menor índice de sobrepeso e obesidade (13,5%), já as que
amamentaram exclusivamente tempo inferior à 4 meses, tiveram maior número de
casos de excesso de peso (22,5%). Tal estudo não levou em consideração outros
fatores que podem levar também o indivíduo à obesidade como: peso ao
nascer, atividade física e ingestão energética atual (MORAES; GIUGLIANO,
2011).
Um estudo
realizado com 9.357 crianças de 5 a 6 anos na Alemanha, tiveram resultado
positivo para crianças que receberam leite materno no mínimo 6 meses,
reduzindo 30% casos de sobrepeso e 40% casos de obesidade (NOVAES et al.,
2007). Esse mesmo autor avaliou 918 crianças na Alemanha, acompanhando a
criança desde o nascimento até a criança completar 6 anos de idade, comprovou
que o aleitamento materno até o sexto mês de vida como um ato de prevenção de
sobrepeso e obesidade (NOVAES et al., 2007).
Atuação da
Nutrição
Atualmente essas
informações importantes não estão sendo divulgadas como deveriam, havendo uma
necessidade de mudanças urgentes na atenção básica. Foi criado então a
Estratégia de Saúde da Família (ESF), que constitui uma equipe de saúde
levando mais qualidade de vida à comunidade. Dessa forma é possível aumentar
o cuidado nutricional para os pacientes do SUS, transmitindo informações para
uma boa alimentação e nutrição, promovendo assim mais saúde de forma
econômica, sustentável, eficiente e prevenindo doenças relacionada à nutrição
(DAL BOSCO; CONDE, 2013).
Em 2008 foi
criado o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), fazendo parte da equipe o
profissional nutricionista (CFN, 2008). Podendo então o profissional atuar
para promoção de saúde, incentivando o aleitamento materno como primeira
prática alimentar, iniciando a alimentação complementar gradativamente, após
6 meses de idade. Essas orientações devem ser dadas com muita clareza, para
não deixar dúvidas. A ENPACS (Estratégia Nacional para Alimentação
Complementar Saudável) capacita os profissionais para transmitirem essas
informações nas unidades básicas, tal ato que é de direito humano, que deve
ser uma rotina no local, promovendo saúde para comunidade, proporcionando uma
segurança alimentar (DAL BOSCO; CONDE, 2013).
Principalmente
agora, com o grande número de casos de obesidade, a amamentação passa a ter
uma importância maior, visto que a obesidade tem sido motivo de muita
preocupação para Saúde Pública (DAL BOSCO; CONDE, 2013).
O aconselhamento
no pré-natal tem tido resultados positivos, estimulando o ato de amamentar. É
interessante algum parente participar também, como por exemplo o marido e a
mãe da gestante. Nesse momento é importante tirar dúvidas da gestante,
explicar os benefícios que o bebê terá com a amamentação, e revelar que
vários mitos nutricionais que rodeiam a mãe durante a gestação e após o
nascimento da criança, podem trazer indesejáveis consequências futura na vida
da criança. Preparar a gestante explicando que o ato de amamentar é um
momento delicado, que gera medo e desgaste, podendo até mesmo ter uma certa
dificuldade no início, mas que vale a pena um esforço para saúde. Relatar
também, as desvantagens do uso do leite não materno (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2009).
Conclusão
O nutricionista
deve atuar no período gestacional dando orientações para as gestantes sobre a
importância do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida da
criança, prevenindo assim uma obesidade na infância e na vida adulta,
situação pela qual o país enfrenta muitos casos. Com isso, aumenta-se a
expectativa de uma vida mais saudável para a criança, e menos morbidade,
menos internações com doenças como diabetes, hipertensão, obesidade e doenças
cardiovasculares nos adultos.
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